terça-feira, 23 de abril de 2013

Persona non grata


Era por volta de três horas da tarde quando desembarquei no aeroporto em Munique, ao chegar percebi prontamente que Bergkans e Hilda estavam me esperando, fui em direção deles que em seguida perguntaram praticamente em coro:
E ai onde ele está? Está vivo?
Eu olhei-os de forma que meu semblante traduzia bem minha resposta. Hilda olhando fixamente pra mim começou a me inquirir para saber como se deu a morte de Hendrick. Eu comecei a contar tudo o que descobri ao chegar no Brasil. Passadas algumas horas voltamos para a casa de nosso pai e lá chegando fomos tratar dos preparativos para o funeral ou ao menos uma cerimônia de corpo presente, já que não existia corpo para ser velado.
Depois de algumas horas preparativos concluidos, amigos e familiares presentes, tudo corria na maior tranquilidade, tudo como o esperado até o momento que o silêncio do momento e som do soluçar das mulheres foi quebrado por gritos que vinham da entrada da capela. Uma mulher armada adentrou a capela gritando loucamente:
Seu maldito, mentiroso, disse que iria voltar para mim, ia me proteger e iria proteger Clara. Cadê você agora? Me diga!!!!!
Depois de gritar e chorar convulsivamente ela deitou-se abraçada com o porta-retrato de Hendrick. Hilda fez menção de ir até a mulher e tomar satisfação com ela, quem ela pensava que era para ir atrapalhar o funeral, o último momento de estar ao menos ao som do nome de nosso irmão. Ao caminhar em direção da mulher pronta para usar de força bruta se necessário, ela simplesmente ficou atônita ao ver no braço dela o terço que ele usava e próximo uma tatuagem em formato de coração com os nomes Hendrick e Verbena, mas o mais estranho da tatuagem era que não era feita com tinta, mas com ferro quente. Enquanto Hilda olhava para Verbena consternada ao mesmo tempo que revoltada ao saber que aquela mulher que estava ali chorando no chão inúmeras vezes quase matou aquele por quem chora copiosamente. Ao ver o incômodo que aquela mulher estava causando nosso pai levantou-se do banco no qual estava sentado e dirigiu-se em direção de Verbena e ao aproximar-se dela disse com um tom áspero e ao mesmo tempo compreensivo:
Qual o seu nome menina e o que você era dele?
Ela olhando-o respondeu:
- Meu nome é Verbena e ele era meu marido, ou melhor meu companheiro.
Hilda ao escutar isso falou em seguida:
Então você é a caçadorazinha com quem ele dormia? O que ainda faz aqui? Você não passa de uma persona non grata neste ambiente.
Hans olhando para Hilda e fala agora com um tom mais áspero dizendo:
Silêncio! O que aconteceu com eles não nos interessa e se ela é uma persona non grata como você diz Hilda quem decide sou eu e agora deixe-a despedir-se dele, pelo que fala ela tem tanto direito quanto nós.
Verbena olhando novamente para Hans agradece-o e em seguida diz:
Obrigado por deixar, por mais que não acreditem e por mais estranho que seja eu o amava, do nosso modo, ele foi a minha vida, a luz de minha escuridão.
E ao terminar de falar ela entrou em uma espécie de transe e ali ficou chorando abraçada com o retrado de Hendrick, era chegada a hora de encerrar o funeral e Bergkans tentou retirar dos braços de Verbena o retrato, mas ao tentar ela acabou cortando-o com uma adaga, ele no momento irritou-se e já estava pronto para acertá-la quando eu por fim resolvi intervir, retirando-a dali.        

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