domingo, 24 de março de 2013

Procurando respostas





Não sei onde estou agora, sei que acordei de bruços em uma cama, com uma espécie de colete me revestindo e muita dor na região das costas, estava meio tonto quando ouvi ao longe a voz de Azrael dizendo:
 - Acordou hein margarida, pra falar a verdade nem sei como está vivo, se bem que você é fortinho e foi apenas um corte profundo com uma dose cavalar de veneno.
Eu ainda tentando tomar folego, já que as gazes comprimiam o corte causando assim uma dor sufocante perguntei a ele se conhecia aquela mulher, ele olhando para mim com seu sorriso cínico soltou uma de suas piadinhas infames que estava começando a me acostumar:
Ah fala da Daphne? Realmente ela é bastante bonita e vejo que um gostou do outro. Vai lá esquentar ela, rsrsrs.
Então pensando comigo mesmo, agora que já sabia o nome dela iria atrás de caçar aquela vagabunda.
Ele olhando novamente pra mim se aproxima e acerta um tapa em cima do curativo dizendo:
Relaxa, fica de boa, sorri um pouco, brinca, ah me diz uma coisa que merda foi que fizeram contigo?
Eu meio sem entender perguntei do que se referia e ele novamente respondeu:
Cara há tempos venho te vendo de longe e você é estranho, não, ri, não chora, não se apega a ninguém a não ser por essa Celine que chama todas as noites ou quando está muito fudido, não tem medo, não se comove, mas que porra de criação você teve?
Olhando pra ele apenas respondi:
- Respondo se me explicar o que está acontecendo? Que história é essa de futuro da humanidade? Eu preciso saber, não aguento mais tantas perguntas, tantas respostas pra encontrar. Vamos me diz.
Ele sentou-se diante de mim, pegou um livro e começou a folear contando uma história e depois pausadamente disse:
Há muito tempo atrás, digo muito tempo mesmo, cerca de uns 500 anos atrás em terras longinquas existiam lendas que com certeza você deve saber bem melhor do que eu, de guerreiros que se denominavam protetores do amanhã e tinham como missão proteger a harmonia existente no mundo. E de tempos em tempos surgem pessoas que possuem a missão de continuar esse legado e infelizmente pra você meu caro Hans você é um deles. Maiores informações você saberá na hora certa. Agora diga-me o que também quero saber.
Procurei me colocar em uma posição o mais confortável possivel e ao olhar para ele comecei a falar:
- Bem realmente é bastante complicado para mim falar sobre isso mas vamos lá, eu quando criança sempre fui desprovido de amizades, família, resumindo qualquer vínculo real de sentido familiar, o mais próximo que tive disso foi com meus irmão adotivos. Tirando eles que por sua vez são o mais próximo que tive de uma família e Celine que foi uma mulher por quem me apaixonei, e durante meu amadurecimento fui criado para ser um mago e não deixei de perceber minhas aptidões no treinamento com armas brancas e por não possuir um contato maior com outras pessoas juntamente com a base militar que me foi adquirida passei a não me aproximar ou sequer manter vinculos com alguém.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Cheiro de Morte





Estava indo encontrar com Azrael quando sou surpreendido por uma explosão em um café próximo, minha primeira ação, quase que puramente instintiva foi ver se possuia algum sobrevivente no local, apesar do horário a rua estava deserta, coisa que de fato achei estranho. Mesmo assim já pensando em não ser notado caso acontece de ser surpreendido por algum traseunte, encaminhei-me até a entrada lateral do café, andando e entoando um ritual para poder andar entre aquelas chamas, ao entrar no local tive a surpresa de encontrar somente uma pessoa lá, uma mulher para ser mais especifico, era uma mulher negra, de curvas bem torneadas, que olhava para mim com um sorriso aberto ao mesmo tempo que sádico, em seguida levantando-se do balcão onde estava sentada veio em minha direção com um andar gracioso como se estivesse por desfilar sobre as chamas, ao aproximar-se de mim falou:
- Olá, querido, uma pena ver um rostinho lindo como esse virar cinzas, afinal quem brinca com fogo acaba se queimando. 
Ao ouvir suas palavras a primeira coisa que me veio a mente é que ela não passava de mais uma louca que queria ter alguns minutos de fama ou não se tratava de uma louca suicida. Olhando para ela retribui seu sorriso e disse:
- Me desculpe, mas não estou afim de perder tempo aqui, pois, estou atrasado para um compromisso e por sua causa, ah apesar de você ser muito bonita e atraente, esse seu jeito de serial killer não combina com você, tchau e beijos.
Ao virar as costas senti algo similar a uma lâmina tentando trespassar meu corpo, meio que sem querer consegui não ser atingido em nenhum ponto vital, ela então novamente começou a sorrir dizendo:
- Você se acha o máximo, mas na verdade não é nada além de uma criança metida, que acha que pode sair por ai metendo-se com coisas que não lhe pertencem. Você e sua ordem patética que acreditam na harmonia e na proteção de um escolhido. Vocês não passam de seres patéticos dou somente um conselho não brinque com fogo ou se queimará, aliás mande lembranças para o Hendrick, isso é se ainda estiver vivo.
Ao terminar de falar senti um calafrio subindo por minha espinha, comecei a sentir-me tonto, aos poucos meu corpo ia tornando-se mais pesado, então percebi que o golpe desferido por ela não tinha a real intenção de me acertar fatalmente, mas sim de envenenar-me, com a visão inicialmente turva liguei para Azrael e falei o que tinha acontecido, estava quase perdendo o resquicio de consciência que me restava quando vi surgir em minha frente uma criatura que parecia ser um anjo mas era totalmente diferente de tudo o que eu tinha estudado sobre, era um ser encapuzado que lembrava muito o barqueiro Caronte da mitologia grega, a única diferença era o par de asas negras em suas costas, e a cada passo que dava as chamas em sua volta se dissipavam como se elas tivessem medo daquele ser, quando ele finalmente aproximou-se de mim, eu já totalmente inerte, e convicto que padeceria ali naquele momento, ainda mais com aquela presença que causava-me tanto arrepio, como se a figura dele fosse a própria representação da morte. Em questão de segundos enquanto perdia a consciência aceleradamente por conta do veneno, lembro de ouvir uma voz rouca e imperiosa dizendo:
- Descanse agora criança, quando acordar conversamos, e até lá sinceramente espero que não morra, pois, a humanidade depende de você.        

quinta-feira, 14 de março de 2013

Momentos disformes





Fazem duas semanas desde que encontrei com a senhorita Gray, e sinceramente se soubesse em que acarretaria este encontro eu não teria aceitado a ajuda de Azrael para encontrá-la. Desde o nosso encontro que não consigo dormir, tenho não sei dizer corretamente se sonhos ou memórias de vidas passadas, eu simplesmente sei que os sonhos a cada dia tornam-se mais intensos e reais, são na verdade imagens difusas de cenas medievais, em todas elas vejo-me entrando em um burgo semelhante ao que encontrei com Evellyn e vejo-me vestindo uma armadura similar a antecessora de minha antiga ordem, mas ao invés de ser uma armadura reluzente, estou revestido por uma armadura negra que contém a sagrada cruz cristã sombreada na fronte desta. E durante minha chegada eu vejo-me entrando em uma biblioteca e sentar-me em uma mesa rodeado de livros estudando e repentinamente observo sentar-se ao meu lado uma linda mulher de cabelos negros que começa a ensinar-me a ler os livros, e ao olhar o rosto dela vejo o rosto de Celine, mas não da forma que conheço e sim, mas amável e sedutora, tímida e imperiosa.
E tudo acontece não como um simples sonho, mas como se eu realmente tivesse presenciado tudo, ao acordar com o amanhecer do dia resta-me apenas uma pergunta:
- Sonho ou realidade? Eis a grande questão até onde pode ser apenas fruto de minha imaginação e até onde poderá ter sido verdade um dia.
Agora são por volta de seis da manhã o sol está começando a aparecer de forma tímida, o dia resolveu aparecer encoberto por brumas, brumas estas como as das histórias antigas, troco de roupa, como alguma coisa, recolho o meu material e novamente olhando para o relógio, sou tomado por algo semelhante a um calafrio seguido de uma vontade súbita de retornar para onde tudo começou para mim, as ruínas de Stonehange.
Saindo de casa, trancando a porta, o celular toca era uma ligação de Azrael querendo que eu fosse vê-lo, pensando comigo mesmo resolvo primeiramente ir ao encontro das respostas para as perguntas que pairam em minha mente. Ao chegar nas ruínas fico um tempo à meditar, refletir um pouco e acabo por me assombrar mais ainda por ver entre as brumas a figura de meus sonhos. Me belisco pra ver se realmente estou acordado ou sonhando, realmente estou acordado tudo está totalmente disforme, sonho e realidade, passado e presente. Estou agora fotografando tudo que vejo, tentando assim a  partir d, encontrar respostas para o que não entendo. A cada clique o tempo escorre pelos meus dedos quando finalmente tiro o celular do bolso para ver que horas são percebo que já é quase meio dia, agora vou encontrar-me com Azrael e ver o que quer de mim desta vez.    

segunda-feira, 11 de março de 2013

Queens of Sound





Quando Azrael ofereceu-se para me levar até o local onde poderia encontrar Evellyn avisou-me de ser distante e  totalmente diferente do que estava acostumado a ver, mas em hipótese alguma ele tinha me dito que a casa era na verdade um castelo e tratava-se de um ambiente temático. Fiquei totalmente intrigado ao chegarmos no local, não por tratar-se de um castelo, mas sim de um mesmo local abrigar, o passado e o presente, pois, ao andar pelo castelo pude perceber que em um ambiente era totalmente temático com recriações do período medieval e em outro era uma casa de show, com todo aparato tecnológico, fiquei desconcertado tentando entender o funcionamento e a finalidade dos espaços. Até que em determinado momento uma moça de presença totalmente envolvente aproximou-se de nós. Era uma mulher ruiva que possuia uma beleza totalmente fora do comum, por onde passava todos paravam para vê-la, não importava se eram homens ou mulheres todos abriam caminho para que ela pudesse passar, fiquei durante muito tempo atônito, vendo-a caminhar com aquele vestido longo e branco por entre a multidão e em determinado momento, ouvi uma voz que ecoava de forma distante dizendo:
- Pode parar de olhar, eu disse pode parar de olhar.
De repente senti uma pontada em meu braço como se fosse um beliscão, fazendo com que eu despertasse de meu estado de transe, acabei de certa forma levando um pequeno susto ao ver que ela estava parada ali em minha frente e dizendo:
- Oie, sabia que é falta de educação prender seu olhar em alguém e deixá-la falando sozinha?
- Desculpe-me não foi minha intenção, por favor você saberia me dizer onde posso encontrar uma moça chamada Evellyn Gray?
Ela com um olhar desconfiado ao mesmo tempo questionador perguntou:
- Depende? O que gostaria de tratar com ela?
- Eu estou procurando uma pessoa de nome Celine e ouvi comentários que a senhorita Gray poderia me ajudar a encontrá-la.
- Hummm, esse nome não me é estranho, Celine, Celine, ah sim, encontre-me a meia noite aqui neste mesmo lugar, agora tenho que ir tchauzinho.
Eu fiquei totalmente sem entender a atitude dela, mas ao olhar para o lado e ver Azrael rindo e dizendo:
- Acostume-se ela é assim mesmo, aliás terei que ir embora, aqui não é um local muito conveniente para mim, vim somente em troca de seus préstimos.
E assim fiquei esperando até o horário combinado, estava cansado de ficar ali plantado esperando, fui então ao bar beber algo e ao voltar na direção do ponto em que estava, percebi-a vindo pontualmente no horário. Ela parou e falou-me:
- Boa noite, por qual motivo quer saber sobre Celine?
Eu então respondi prontamente:
- Ela é uma pessoa muito importante para mim.
E ela por sua vez indaga:
- Ok, mas me desculpe a falta de educação, qual o seu nome?
- Hans, senhorita.
Ela repentinamente começa a olhar-me com os olhos arregalados e começa a pegar em meu braço dizendo:
- Vamos, saia daqui agora, aqui não é um bom lugar pra quem foi expulso de sua ordem.
Eu olhei para ela e perguntei:
- Ordem, de que se refere?
Ela com um sorriso apenas falou:
- Hans, meu querido, você não pode esconder quem é, e eu sei bem o que acontece fora deste lugar. Agora vamos sair daqui para não termos problema.
E assim foi minha breve passagem pela gloriosa Queens of sound.