sexta-feira, 8 de março de 2013

Azrael Serafim





Cheguei em casa, entrei em casa, estava morto de cansado e a cabeça latejava de tantas informações e pensamentos, fui em direção ao banheiro e fiquei algum tempo em baixo do chuveiro pensando e tentando entender o que havia acontecido. Como sempre estou metido em alguma confusão inconsciente e o que Hendrick tinha com aquilo?
Saí do banho, caminhei até a cozinha e abri a geladeira afim de comer algo e depois fui deitar e dormir um pouco. Demorei um pouco para pegar no sono, mas aos poucos estava conseguindo ao menos juntar as coisas.
Eram por volta de nove horas da manhã, acordei com o celular tocando, ainda com um olho aberto e outro fechado olhei pelo visor de quem era a ligação, era o número de Azrael, então atendi dizendo:
- Alô, bom dia senhor Azrael, em que posso lhe ajudar?
Ele por sua vez de forma polida respondeu:
- Bom dia senhor Steiner, creio que está com algo que me pertença e quero-o de volta. E assim a conversa prolongou-se por algum tempo.
- Desculpe, algo que lhe pertença? Não do que refere-se.
- Senhor Hans não me faça de tolo sei que está com meu grimório, seja gentil e faça o favor de entregar-me caso não queira que eu vá ai pegá-lo a força.
- Ah sim, fala daquele grimório que o senhor gostaria que transcrevesse os rituais dele, sim está comigo e inclusive consegui entender alguns deles, mas antes de entregá-lo gostaria de conversar com o senhor.
- Sim meu caro, nos encontremos ao meio dia para um almoço e resolveremos todas as pendências.
- Ok, até mais mais, senhor Azrael.
Em seguida ele por sua vez desligou o telefone. Como estava mesmo acordado, levantei-me da cama e fui comer algo e em seguida tratei de ver melhor aquele grimório. Passou-se algum tempo quando olhei o relógio, percebi que já estava na hora de sair, arrumei minha mochila com meus materias de trabalho e fui para meu encontro. Estava chegando ao local, atravessando a rua quando o vi sentado na mesa e de longe ao me ver acenou. Eu em seguida atravessei a rua, caminhei até o restaurante e fui ao seu encontro e ao entrar e dirigir-me a mesa ele olhou para mim e disse-me:
- Por favor senhor sente-se e poderemos conversar melhor.
Sentei-me na mesa e enquanto fazia o pedido ao garçon, perguntei-lhe:
- Senhor Azrael, desculpe-me mas desde quando conhece Hendrick e gostaria de saber mais sobre sua pessoa. Afinal de contas referiu-se a mim como um candidato. E até onde sei como tal devo ser informado sobre as funções que deverei desempenhar e a quem me reportar.
Ele olhando para mim pediu o livro e em seguida disse:
- Está bem lhe contarei, mas não aqui, terminemos o almoço e ao irmos embora lhe conto tudo que quer saber.
Terminamos o almoço e saímos do restaurante, Azrael foi andando e eu fui acompanhando-o até chegarmos ao parque, ele sentou-se em um banco e disse-me:
- Hans, você como um estudioso, com certeza crê em grande parte no que vê e no que consegue comprovar, correto?
- Sim, Azrael, de certa forma está certo, mas o que isso pode ser relacionado com a nossa conversa?
- Muita coisa, rapaz, muita coisa. Entre o céu e o inferno existe muita coisa que não pode-se ver, nem comprovar e acredite está longe de sua imaginação, agora responda-me qual a sensação ao ver o que lhe mostrei anteriormente?
- Se está se referindo as asas, não achei nada demais, e o grimório é bem interessante, aliás como um ser sobrenatural faz questão de querer acabar com outros seres iguais a ele?
- Bem é realmente algo contraditório, mas sim apesar de ser um detesto aqueles que são como eu, antes que pergunte eu como seu irmão adotivo não gostamos de anjos.
- Conte-me mais sobre isso...
- Tudo começou há muitos anos atrás, eu era um arcanjo protetor de uma criança, uma menina para ser mais exato, sempre acompanhei-a em todos os momentos, cada passo seu e a cada dia que passava e a via crescer, maior era a vontade de continuar com ela, de poder conviver com os humanos, seres que apesar de todos os seus defeitos possuem grandes qualidades, podem mostrar-se mais fortes que qualquer ser sobrenatural. Ela foi crescendo e tornando-se uma linda mulher, eu não podia mais protegê-la, apenas podia acompanhá-la e um dia ela estava voltando da aula na faculdade quando foi surpreendida por homens que rodearam-na e espancaram-na e violentaram-na, eu não queria ter visto aquilo, pois, pra mim, eu mesmo depois de tanto tempo tinha falhado em minha missão de protegê-la. Como não poderia fazer nada por questões de protocolos e hierarquias, solicitei a anjos que fizessem algo para interferir, mas para minha surpresa eles ficaram assistindo a tudo como um espetáculo que necessitasse de platéia, eu por minha vez não me contive ao ver que aqueles malditos que deveriam proteger qualquer ser em perigo, estavam apenas visualizando a cena de camarote, fui acometido por um acesso de fúria e acabei por destruir os três anjos e por fim os humanos que estavam machucando minha menina.
Pude ver um certo remorso e ao mesmo tempo um certo rancor e desconforto na fala de Azrael e em seguida este completou:
- Depois do ocorrido e por deixar-me ser visto, acabei por cair, por isso viu minhas asas negras. E para poder enfim transitar entre os humanos escolhi esta aparência que jamais levvantaria algum tipo de suspeitas, aprendi a conviver entre vocês e passei a coletar informações que poderiam ser úteis algum dia.
Depois de horas conversando, entreguei-lhe as transcrições feitas do grimório e ele ofereceu-se para me apresentar a senhorita Gray.
Afinal o que posso dizer de Azrael senão algo que o mesmo disse, entre o céu e o inferno existem muitas coisas que não são possiveis de compreender e ele até o momento para mim é uma delas.                   
   
 

 
 

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